terça-feira, 28 de junho de 2016

Corpo presente


os teus olhos seguram uma tempestade
e eu já não posso te servir de abrigo
também não podemos regressar ao começo
que nenhum de nós já é mais o mesmo

viajar tem esse efeito, metamórfico
gira um botão qualquer dá dentro do peito
a saudade que fica do ponto de partida
é uma vaga lembrança daquela perspectiva

e olha que eu nem fui tão longe assim
nem me demorei tanto como gostaria
é que minha alma foi muito mais além
da estrada que alcançaram os meus pés


terça-feira, 7 de junho de 2016

Silenciês


às vezes eu falo tão alto
dentro de mim
que suspeito que grito

então eu passeio meus olhos marejados
a procura de um flagrante
observador

ninguém, nenhum pescador

perderam todos um poema lírico
que para sempre ficará perdido
foi escrito em silêncio, se foi...