segunda-feira, 21 de maio de 2018

Interlúdio


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Tem momentos que você está aqui do meu lado, eu observo seus movimentos sobre o contrabaixo, seu fone no ouvido como um escudo, seu olhar que me atravessa e me fatia em peças da decoração da sala. Apenas eu sei que ainda permaneço inteira, respeitando sua viagem entre os mundos. Eu sei como é isso, eu também preciso dessas passagens, tanto para trazer o aroma de lá pra cá, quanto para lá deixar as minhas preces. O que seria de mim se nunca tivesse encontrado essa fenda? Foi um poeta quem me apresentou ao interlúdio e eu, tão carente, quase fiquei lá para sempre. No começo um vício latente, euforia e sofreguidão, o ciclo completo até a abstinência...era alto o teor de pureza da poesia, uma covardia. Agora que sei andar entre as brumas, sei quando preciso ir, sei quando devo voltar, te vejo perdido em seus passos, querendo dominar sua música, feito um animal selvagem, queria te ajudar. Você está tão perto da sua própria face, atravesse.



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